Wando apresentou um súbito agravamento às 5h40 desta quarta-feira e logo em seguida uma parada cardio-respiratória, morreu por volta das 8h da manhã. Aos 66 anos, o cantor Wando, era considerado um dos mais legítimos representantes do gênero brega-romântico da Música Popular Brasileira. Wanderley Alves dos Reis estava internado desde o dia 27 de janeiro no Hospital Biocor, em Nova Lima, Minas Gerais, onde deu entrada queixando-se de fortes dores no peito.
O velório do cantor será realizado a partir das 17h no Cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte. O enterro acontece na quinta-feira, às 11h.
Conhecido por sucessos como Fogo e paixão , o cantor teve um princípio de infarto e passou por uma angioplastia coronária para desobstrução das artérias do coração, mas seu estado se agravou nos últimos dias.
Na terça-feira, um boletim médico dizia que o quadro do cantor era estável e apresentava melhora. Wando chegou a divulgar um bilhete em que dizia: “Estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem”.
Na útima sexta-feira, os médicos que tratavam o cantor afirmaram que o cantor ainda enfrentava um considerável risco de morte, mas ressaltaram que esse risco vinha diminuindo gradualmente. Os médicos se declararam otimistas com a recuperação do cantor, mas ele veio a falecer às primeiras horas da manhã desta quarta-feira, informaram seus familiares.
Apesar de não fumar e não consumir bebidas alcoólicas, Wando mantinha péssimos hábitos alimentares e era bastante sedentário. Ao dar entrada no hospital, ele estava pesando 110 kg, 30 a mais do recomendado pelos médicos. Outro agravante é o histórico familiar do artista: seu pai e irmão também morreram em decorrência de problemas cardíacos.
Wando era natural da cidade de Cajuri (MG), onde nasceu em 2 de outubro de 1945. O apelido Wando foi dado por sua avó. Ainda pequeno, mudou-se de Cajuri para Juiz de Fora, onde formou-se em violão erudito e já tinha uma banda na cidade de Congonhas, onde tocava em festas da região. Mais tarde mudou-se para Volta Redonda, no Rio de Janeiro, e trabalhou como entregador de leite e de jornal, além de feirante e caminhoneiro.
Desistiu do violão clássico e começou a “fazer canções de amor para as moças”, como ele mesmo narrou em sua própria biografia, disponível em seu site oficial. Alcançou o sucesso em 1973, com Nega de Obaluaê, que já ganhou versões de nomes como Pedro Luís e a Parede, João Sabiá, Benito di Paula, Sambasonics, entre outros.
Em São Paulo, gravou com Jair Rodrigues O Importante é Ser Fevereiro, que também estourou no início da década de 70, mas foi com a faixa Fogo e Paixão que ele consolidou sua carreira de cantor e compositor.
Com álbuns intitulados Ui-Wando de Paixão, Obsceno, Depois da Cama e Vulgar e Comum é Não Morrer de Amor, por exemplo, Wando recebeu o título de “o cantor mais erótico do Brasil”. Seus shows eram famosos por cenários com camas, haréns e, claro, a distribuição de calcinhas perfumadas.
Wando fez do romantismo sua marca registrada ao longo da carreira. Símbolo da música brega brasileira, falava de amor, mulher e sexo em suas letras, e tornou-se conhecido por colecionar calcinhas de fãs. Seu último disco de inéditas, Romântico Brasileiro, Sem Vergonha, foi lançado em 2005.
A morte de Wando gerou reações imediatas de celebridades e artistas no Twitter. Fafá de Belém deu um depoimento emocionante. “Wando é de um tempo que bem conheci: o sucesso não tinha ‘apoiadores’ nem jabá”, escreveu a cantora, “era o povo quem fazia, espontaneamente”.
Sua filha, a também cantora Mariana Belém, lembrou os versos da música “Chora Coração – “chora coração, passarinho na gaiola, feito gente na prisão”.
Cláudia Leitte declarou que “Wando descansou em paz e deixou muita saudade”, enquanto Latino confessou que costumava tocar suas músicas “de brincadeira” no palco.
O apresentador Serginho Groisman lembrou as oportunidades em que esteve ao lado do cantor. “Tive o privilégio de ter Wando várias vezes em meus programas. Gentil, ele recebe nesta quarta-feira as homenagens merecidas.”
Carolina Dieckmann, Ticiane Pinheiro e o dançarino Carlinhos de Jesus citaram a música, enquanto as atrizes Fernanda Paes Leme e Juliana Alves desejaram força à família.
Wando: muso inspirador do Bloco Fogo e Paixão
Wando foi o muso inspirador do bloco Fogo e Paixão. O cantor aceito gravar um vídeo para ser postado em um site de financiamento coletivo parar arrecadar fundos para o bloco que desfila no dia 12 de fevereiro, domingo anterior ao carnaval. A concentração será às 09h no Largo São Francisco De Paula, no Centro e o bloco irá sair as 10h.
O objetivo de arrecadar R$9 mil foi superado em menos de um mês, os organizadores do bloco Fogo e Paixão prometem homenagear o ídolo no domingo. “Temos até domingo para pensar em alguma coisa. Não sei se faremos um minuto de silêncio, se vamos falar alguma coisa, vamos ver”, disse o presidente do bloco, Alexandre Morand, “O mais importante agora é apoiar a família.”
O nome do bloco foi inspirado no grande sucesso de Wando, Fogo e Paixão, que é cantado até hoje por todas as gerações e classes sociais. Criado no ano passado, o bloco tem como tema o brega-romântico. No desfile do ano passado mais de mil pessoas compareceram ao desfile. Quando a música tema começou a tocar, as mulheres homenagearam Wando jogando calcinhas para o ar.
Todos estão convidados para participarem desta grande homenagem ao cantor Wando no domingo, às 9h no Largo São Francisco De Paula, Centro do Rio. Com informações do Correio do Brasil.
Por: Click Carangola