Polícia busca motivação para morte de família de PMs em SP

O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Luiz Mauricio Blazeck, disse na tarde desta quinta-feira (08) que as investigações buscam agora a motivação da morte da família de policiais militares na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. O estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos, é suspeito de assassinar os pais, a avó e a tia-avó e depois se matar.

Blazeck afirmou que se reuniria com a equipe que investiga o caso para ter detalhes das apurações. Segundo o delegado-geral, seriam ouvidos nesta quinta-feira dois policiais militares, entre eles o primeiro a chegar à residência da família e encontrar os corpos, um tio-avô de Marcelo e irmão de duas vítimas (Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, e Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos) e um amigo do estudante. A polícia busca informações sobre a motivação do crime.

Além deles, foi ouvido o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, coronel Wagner Dimas, que afirmou em uma entrevista que a cabo Andréia Pesseghini havia colaborado com informações para uma investigação contra colegas que participavam de roubos de caixas eletrônicos. Em depoimento na Corregedoria da PM, o coronel voltou atrás e garantiu não existir qualquer denúncia formalizada sobre o assunto.

O delegado-geral afirmou que a primeira informação o surpreendeu, mas não o causou estranheza o recuo do comandante. “Eu não acho nada estranho quando se trata de investigação policial. Quem deve verificar por que fez e por que voltou atrás é o comando da PM”, afirmou. “Pode até ter havido, eventualmente, aquela situação [da denúncia]. Entretanto, é preciso ligar uma coisa a outra. O que não parece, efetivamente, que tenha ocorrido.”

Questionado se existe a possibilidade da participação de outra pessoa no crime, Blazeck informou que essa “não é uma questão fechada”. “Dependemos dos laudos para confirmar isso. Por enquanto, continua a versão inicial”, disse, em relação ao envolvimento apenas do garoto de 13 anos nos assassinatos.

Registro de denúncia

A PM afirmou em nota que não havia registro oficial de qualquer denúncia da mãe do garoto. “O Comando da Policia Militar reafirma que não houve qualquer denúncia registrada na Corregedoria da PM, ou no Batalhão, por meio da Cabo Andréia Pesseghini contra policiais militares. Foram consultados arquivos da Corregedoria, do Centro de Inteligência e do próprio Batalhão e nada foi identificado, portanto, será instaurado um procedimento para apurar as declarações do Coronel Wagner Dimas Alves Pereira, Comandante do 18º Batalhão, não alterando em nada o rumo das investigações”, afirma o texto.

Coronel Wagner Dimas citou a investigação durante uma entrevista, mas não deu detalhes sobre quando ela ocorreu. “Ela (Andréia) não fez precisamente assim: esse, esse e esse estão com problemas. Mas, ao contexto que nós estávamos levantando, ela confirmou alguns detalhes”, disse o comandante à Rádio Bandeirantes.

Ainda segundo ele, nenhum dos policiais chegou a ser punido, porque as investigações não chegaram a uma conclusão. “O problema do investigar é a conclusão, né? Nós não chegamos a uma conclusão. Desses aí, houve transferência, nós tiramos aqui do quadro, do que seria do ‘grupo’ do batalhão”, afirmou.

O coronel disse ainda que Andréia nunca relatou ter sido ameaçada e não estava sob qualquer tipo de medida de proteção. Perguntado se ele descartava “totalmente” a relação entre a participação nas denúncias e a execução, o comandante disse que não. “(…) descartar é complicado, vamos acompanhar com carinho, vamos ver se dentro do que a gente tem no raciocínio, nesse quebra-cabeça todo, possa ter”, disse.

O crime

De acordo com laudo preliminar da perícia, os policiais militares Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, e Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, foram os primeiros a serem assassinados na Vila Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo.

A Polícia Civil aponta que o filho do casal, Marcelo Pesseghini, de 13 anos, é suspeito de cometer os crimes e depois se matar nesta segunda-feira (05).

Os exames apontam a sequência de mortes na residência na Rua Dom Sebastião. Primeiro morreu o pai do jovem, que trabalhava na Rota, depois a mãe e, em seguida, a avó dele, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, e a tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos.

As duas últimas vítimas moravam em outra casa no mesmo terreno. A avó e a tia-avó do garoto tomavam remédios fortes para dormir, por isso não devem ter percebido a aproximação do adolescente. Os medicamentos foram encontrados pela polícia ao lado da cama das vítimas.

A perícia da Polícia Técnico-Científica também mostrou que todos os tiros saíram da mesma arma, uma pistola .40 que pertencia a Andréia. Ele utilizou a mesma pistola para se matar, segundo os peritos. A arma estava na mão do garoto, que estava com o dedo no gatilho.

Segundo a investigação, as pegadas do adolescente na casa mostram que, depois que volta da escola, ele vai até a mãe já morta, passa a mão no cabelo dela e depois se mata. Foram encontrados fios de cabelo que seriam da policial militar entre os dedos do filho.

Carro

A perícia encontrou um par de luvas no banco de trás do veículo. As peças foram mandadas para análise, que vai mostrar se havia vestígios de pólvora. O carro, segundo a a polícia, foi usado por Marcelo após o crime para ir até a escola, que fica a cerca de 5 km da casa da família

As informações foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (07) pelo delegado Itagiba Franco, da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). O exame nas luvas será mais uma ferramenta para indicar a autoria do crime, já que o exame residuográfico feito na mão de Marcelo deu negativo para vestígios de pólvora.

Segundo Franco, na segunda perícia feita na casa na noite desta terça-feira (06) foram recolhidas novas armas. “Foram encontradas duas armas que pertenciam ao policial e que estavam guardadas na casa”.  Além dessas duas novas armas, já haviam sido apreendidas a pistola .40, que pertencia à Andréia e teria sido usada no crime, e uma outra arma que era de um avó de Marcelo.

Na terça-feira, Franco havia dito que um amigo de escola, cujo nome não foi revelado, contou em depoimento à polícia que o garoto Marcelo já tinha manifestado o desejo de matar os pais e que queria ser “matador de aluguel”. Com informações do G1.

Por: Click Carangola | Sugestões de pauta: clickcarangola@gmail.com

Deixe sua opnião

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *