Potencial turístico destaca a comunidade de Conceição

Conceição, a maior comunidade rural do município de Carangola é circundada por montanhas, matas, cafezais e pasto.

E foram estas características, somadas à criatividade dos artesãos locais que fabricam peças em crochê, de costura e bordado, além de artesanato em taquara e pintura, e produtos de gastronomia, que contribuíram para a ideia inicial e prática do turismo no município.

Havia também um trabalho de preservação da espécie Cágado Rhongei (animal endêmico no Rio Carangola), realizado há mais de 10 anos por alunos de ciências biológicas da Faculdade Vale do Carangola – Favale. Foi importante aproveitar o potencial da região não só para a busca de trabalho e renda, como do comércio dos produtos fabricados.

A ideia foi de Julenia Maria Lopes da Silva, nascida na comunidade e casada com um alemão. Ela chegou a morar na Alemanha, mas depois de adquirir um sítio no lugar onde vive toda a sua família, resolveu se mudar para a região. Verificando o potencial do município, ela resolveu trabalhar junto à população local no sentido de aproveitar tudo o que a comunidade pudesse oferecer. A integração com a Emater-MG foi de suma importância para a organização dos moradores. Na época, Úrsula Lustoza era extensionista no escritório local e, juntas, elaboraram um projeto de turismo, o “Caminhe pela vida”, para abranger todas as outras atividades, seja de trabalho, de comércio, e ou aumento de renda. No projeto foram pontuados 12 circuitos para visitação, incluindo as propriedades rurais de Café Certificado.

Hoje, a cultura do turismo na comunidade já se propagou está consistente e Julenia é quem coordena o projeto. Cerca de 60 famílias estão envolvidas, oferecendo serviços como guia, local para hospedagem, café da manhã e almoço. São caminhadas realizadas nos diversos pontos, dentro de um calendário oficial, marcadas para o terceiro domingo de cada mês. Há situações especiais como passeios escolares, universitários, familiares e até corporativos, com datas programadas. A divulgação fica por conta da imprensa local e também do site www.andabrasil.com.br que apoia o programa, já no seu terceiro ano.

Impacto Positivo

Para o coordenador de cafeicultura Antônio Teixeira, responsável pela certificação do café de 70 propriedades, foi muito importante envolver toda a população local para que eles mesmos participassem das caminhadas. “Eles não tinham o hábito de caminhar pelo prazer de caminhar, era sempre para desenvolver algum trabalho, ou ir até uma outra propriedade”.

Como cada circuito envolve no mínimo três famílias com os serviços necessários (de guia, hospedagem… etc), a produção do artesanato e dos quitutes locais para a venda incluíram outras famílias, sem contar as 20 propriedades que já estão catalogadas com ofertas de hospedagem, que funciona sempre em rodízio, para dar chance a que mais agricultores participem. “As famílias se sentem honradas ao receber os caminhantes e estes percebem esta hospitalidade surgindo daí muitas amizades”, enfatiza Antônio. “Os agricultores foram motivados a mostrar seus produtos nas paradas para o café e almoço. Daí saem encomendas de biscoitos, broas, queijos e outros”, completa.

O Centro Comunitário Rural de Conceição é quem recebe dos participantes e repassa aos agricultores. Para cada caminhada é cobrado R$ 15 por pessoa, sendo R$ 3 para o café, R$6 para o almoço, R$3 para o guia, repassando R$3 para a associação.

Diversidade

Antes da implantação deste projeto a comunidade desenvolvia quase só atividades agropecuárias. Em 2006 foi realizado um Fórum de Turismo, envolvendo a maior das três escolas locais, a Emater-MG e a Secretaria Municipal de Turismo, na tentativa de mostrar este potencial da região. Mas, só depois de implantado o projeto “Caminhe pela Vida”, em 2009, é que este trabalho ficou teve maior repercussão.

Além da produção do café (60 mil sacas/ano), da pecuária de leite, (150 mil litros/ano) e cultivo da banana que movimentam a economia da comunidade, há ainda os produtos da agricultura familiar que os cerca de 2.400 habitantes, em mais de 430 famílias de agricultores, são vendidos na feira da cidade e distribuídos nas escolas, dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. É importante ressaltar que, das 40 barracas que movimentam a feira, 23 delas são da comunidade de Conceição. Alí, eles comercializam banana, mandioca, feijão, abóbora, vagem, chuchu, couve, quiabo, alface, almeirão, jiló e outras olerícolas, além de frutas como laranja, mexerica, figo, lichia, manga, e também queijo, manteiga, pó de café e doces caseiros.

Na comunidade, o evento mais importante é a Festa do Café que acontece há 16 anos, sempre no final do mês de agosto, com a participação de toda a comunidade e população do município e municípios vizinhos, autoridades e representantes de entidades público privadas. “A participação de propriedades cafeicultores do município para um processo de preparo e colheita de café certificado, leva também para a comunidade muitos turistas interessados em conhecerem o sistema de cafeicultores participantes do Programa Certifica Minas Café”, segundo o coordenador da Emater, Antônio Teixeira. Neste caso, forma-se um grupo e os participantes podem passar todo o dia envolvidos em várias atividades, em uma ou mais propriedades, como um grupo de funcionários do Banco do Brasil, que realizaram este passeio junto com familiares.

Nova visão

Alunos das três escolas da comunidade (300), do município, e até universitários, também se interessam e participam destas caminhadas, até mesmo para fazerem pesquisas do lugar, com sua biodiversidade bastante diversificada, segundo a coordenadora do projeto, Julenia Lopes. Depois da primeira caminhada toda a comunidade foi envolvida, inclusive participando também como caminhantes e até mesmo cedendo hospedagem. Para Juleina, foi interessante ver que os agricultores estão acordando para o lado bom que sua comunidade pode proporcionar e até mesmo conhecendo o que seu vizinho faz de bom, como os produtos de artesanato em taquara, crochê, bordado e pintura.

“Foi uma decisão acertada, contribuindo com uma bagagem trazida de fora e que pude passar para os agricultores familiares”, disse ela. “É um convívio interessante. Ver a comunidade olhar a sua própria terra, com novo olhar, é muito gratificante. O povo daqui é muito especial e eles estavam esperando só por este toque”, conta. “É ótimo ver os caminhantes serem recebidos nas propriedades, com tudo preparado com muito carinho. Aqueles que nos recebem passam a fazer parte também da associação, sugerindo e opinando sobre os vários lugares a se descobrir”, conclui. Com informações do Emater.

Confira as imagens:

Por: Click Carangola | Sugestões de pauta: clickcarangola@gmail.com

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