O cozinheiro de 29 anos estava dentro do rebocador “Jascon-4” quando chuvas fortes atingiram o navio no oceano Atlântico. Das 12 pessoas a bordo, só ele foi encontrado com vida.
“Eu estava lá na água em total escuridão e tinha certeza de que era o fim. Fiquei pensando que a água ia encher a sala, mas isso não aconteceu”, disse o rapaz, que contou também que partes da sua pele estavam descascando após dias de imersão na água salgada.
“Eu estava com muita fome, mas, principalmente, com muita sede. A água salgada tirou a pele da minha boca”, disse ele.
Às 4h50, Okene diz que estava no banheiro quando percebeu que o rebocador estava começando a virar. Como a água entrou e o navio virou, ele forçou a porta de metal.
“Três rapazes estavam na minha frente e de repente a água entrou muito forte. Vi o primeiro, o segundo, o terceiro apenas sendo levados. Eu sabia que esses caras já estariam mortos”, disse ele à Reuters.
O que ele não sabia era que ele iria passar os próximos dois dias e meio preso no fundo do mar rezando para que ele fosse encontrado.
Para ser resgatado, Okene foi arrastado ao longo de uma estreita passagem entre o banheiro e o quarto. Para a surpresa dos mergulhadores, ele ainda estava respirando.
Peixes comendo cadáveres
Okene, vestindo apenas cueca, sobreviveu a cerca de um dia no pequeno banheiro, segurando a bacia virada para manter a cabeça fora da água, que só enchia uma parte do cômodo, permitindo com que o rapaz respirasse.
Ele sentiu que ele não estava sozinho na escuridão. “Estava muito, muito frio e estava muito escuro. Eu não conseguia ver nada”, diz Okene.
“Mas eu podia perceber que os corpos da minha tripulação estavam nas proximidades. E eu podia sentir o cheiro deles. Vieram os peixes e começaram a comer os corpos. Eu podia ouvir o som. Foi um horror.”
Okene não sabia que uma equipe de mergulhadores enviada pela Chevron e pelos proprietários do navio, a Ventures África Ocidental, estava à procura de membros da tripulação.
Na tarde de 28 de maio, Okene ouviu um som estranho. “Ouvi um martelo batendo no navio. Bum, bum, bum! Nadei para baixo e encontrei um dispensador de água. Puxei o filtro de água e martelei o lado do navio esperando que alguém me ouvisse. Então, o mergulhador me ouviu.”
Os mergulhadores invadiram o navio, e Okene viu a luz de uma lanterna, presa à cabeça de alguém que nadava em sua direção.
“Quando eu comecei a acenar, ele ficou chocado”, disse Okene. Ele pensou que estava no fundo do mar, embora a empresa afirme que a profundidade era de 30 metros.
A equipe de mergulho colocou em Okene uma máscara de oxigênio, roupas de mergulhador e um capacete para que ele conseguisse chegar à superfície, mais de 60 horas depois de o navio ter afundado.
O cozinheiro descreve a sua extraordinária história de sobrevivência como um “milagre”, mas a memória de seu tempo na escuridão ainda o assombra, e ele não tem certeza se um dia voltará para o mar.
“Quando estou em casa, às vezes parece que a cama em que eu estou dormindo está afundando. Acho que ainda estou no mar novamente”, diz Okene, balançando a cabeça.
“Eu não sei o que impediu a água de encher o cômodo. Eu só fiquei chamando por Deus. Ele me protegeu. Foi um milagre.” Com informações Reuters.
Por: Click Carangola | Sugestões de pauta: clickcarangola@gmail.com