O caso ocorreu após ela ter sido diagnosticada com câncer e abandonada pela filha em Carangola, município-pólo de desenvolvimento econômico da Zona da Mata Mineira.
A técnica de enfermagem revelou que conheceu dona Maria há cerca de 11 anos, quando trabalhava no Programa de Saúde da Família, na zona rural da cidade, realizando visitas domiciliares.
“Em uma dessas visitas, conheci Dona Maria e nos tornamos amigas, nunca fui de acordo com várias coisas que se passavam dentro daquela casa, cheguei a levar várias vezes ao conselho tutelar mais nada adiantava, e a filha nunca me deu muita atenção, sempre de cara fechada, mas mesmo assim eu ia lá ver Dona Maria”, contou.
Após alguns anos, a Dona Maria se mudou para outra casa, mais próxima de onde vivia Verônica, o que facilitou o contato entre as duas. A técnica de enfermagem lembra que a amiga passava por dificuldades financeiras e sempre que possível ajudava a mulher.
“Ela sempre ia lá em casa pedir as coisas para comer. Cheguei a levar o médico e o enfermeiro do PSF lá, marquei vários exames várias vezes, mas a filha nunca deixava ela ir nas datas marcadas. Mesmo assim eu seguia com minha visita a ela”, afirmou.
Certo dia, a mãe da técnica de enfermagem, que sabia das dificuldades que eram enfrentadas pela Dona Maria, percebeu uma situação diferente. Ela reparou que há vários dias ela não aparecia para pedir coisas para comer e que a fumaça do fogão a lenha da casa dela também tinha sumido.
Verônica foi até a casa de Dona Maria e, chegando lá, encontrou o ambiente todo revirado, “uma verdadeira cena de terror”, explicou. Ela procurou pela amiga e a avistou caída à beira da cama.
Ela revelou que, inicialmente, achou que ela estava morta, mas após leva-la até o hospital, a médica de plantão afirmou que ela estava com a pressão muito alta e um quadro de desnutrição grave. Diante disso, a medida tomada foi a internação.
Ao retornar à casa em que vivia Dona Maria, a técnica de enfermagem não encontrou a filha dela, fato que só ocorreu dois dias depois. Ao relatar a situação em que a encontrou, a moça não se sensibilizou e ainda disse que não iria ao hospital para seguir como acompanhante da mãe.
“Me disse que tinha outros compromissos e que não poderia ir ficar de acompanhante”.
Após cerca de 10 dias de internação, a médica responsável pelo acompanhamento de Dona Maria entrou em contato com a técnica de enfermagem com o triste diagnóstico. Durante uma tomografia foi identifica uma massa cística na caixa torácica dela.
“Meu mundo caiu! Voltei na casa da filha e, diante disso aí, ela falou que não queria mesmo, pois ‘não tinha condições para cuidar de uma pessoa totalmente doente’, palavras dela”, revelou Verônica.
Este foi considerado por ela um momento de grande tensão, uma vez que sabia das grandes dificuldades que eram e que ainda seriam enfrentadas pela Dona Maria. A pior parte, segundo ela, era saber que a amiga estava doente e não teria com quem contar.
Foi então que a técnica de enfermagem percebeu que precisaria tomar uma decisão. Ela chegou em casa e conversou com o filho Jhonata, de 14 anos, e explicou para ela a situação e a decisão que estava prestes a tomar.
“Meu filho decidi fazer uma coisa, mais preciso do seu apoio, pois teremos que abrir mão de muita coisa para concluir nossa missão. Vamos, Jhonata, adotar a Dona Maria? Ele disse na mesma hora ‘Nossa mãe, claro, tadinha, vamos trazer ela para cá!’ Era tudo que eu queria ouvir”, completou.
Atualmente, a Dona Maria faz tratamento em Carangola e Muriaé e tem como principais necessidades remédios. Com o auxílio de colaboradores de um site, que ficou sabendo da história e se sensibilizou, Verônica lançou uma “vaquinha online“, para conseguir ajuda para custear o tratamento.
Verônica ressaltou que tem sido uma experiência incrível poder cuidar de uma vida.
“Ver cada dia mais um ser humano se erguer com seu carinho. Ela é tudo no nosso lar! Vivemos com pouco, mas vivemos felizes e eu cada dia mais orgulhosa da minha menina”, finalizou.
Por: Click Carangola | Com informações G1.