Morte de jovem em Manhuaçu mobiliza familiares

Familiares e amigos do jovem Gutemberg Heringer Cunha ainda tentam entender a forma como ele faleceu no último domingo, 04/08, na Unidade de Pronto Atendimento de Manhuaçu. O rapaz de 26 anos, casado e pai de uma criança morreu vítima de aneurisma cerebral.

A dor e revolta dos parentes e conhecidos é justamente porque o rapaz foi até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) não teve atendimento de um médico e muito menos de um especialista e foi orientando a voltar para casa.

O caso

No domingo, logo cedo, Gutemberg e seus irmãos foram para a Igreja Evangélica Aliados com Cristo, no bairro São Jorge, para participar de um evento de orientação e ação social, com foco na prevenção de doenças, como hipertensão e diabetes.

“Cheguei por volta das 10 horas e, como de costume, conversei e brinquei com o meu irmão. Pouco tempo depois, ele se queixou que estava passando mal. Como havia todo o aparato montado, aferimos a pressão dele e foi constatado 8 por 6, o que é considerado baixo. Coloquei a mão no peito dele e parecia que o coração ia sair”, contou Heber Moreira, irmão de Gutemberg.

Sulamita Heringer, que é irmã de Gutemberg e é enfermeira, foi que aferiu a pressão e constatou os sintomas. Ela diagnosticou o rapaz, escreveu tudo o que havia feito num pedaço de papel, com todos os dados técnicos, e deixou o irmão aos cuidados do também irmão Heber. Em seguida, eles partiram para a UPA.

“Nas informações constava que ele estava ficando cansado ao mínimo esforço, o que não é comum para um rapaz de 26 anos. Além disso, dizia que o Gutemberg estava com a pressão baixa e taquicardia”, relatou Heb Maria Heringer, outra irmã da vítima.

Chegada ao SUS

Gutemberg chegou caminhando normalmente à UPA, por volta das 10h15. Ele estava com Heber, que relatou, em detalhes, como foi o atendimento. “Logo de início, sentimentos que havia algo estranho. Quando entreguei o pedaço de papel para a mulher da recepção, ela desdenhou dizendo que aquilo era coisa de pobre. Retruquei alegando que o importante era o conteúdo e não o pedaço de papel. Feita a ficha, aguardamos três minutos e ele foi atendido. Antes, a todo momento, meu irmão se queixava das fortes dores no peito e do ritmo acelerado do coração”, informou Heber.

Para a surpresa deles, quem atendeu Gutemberg, segundo relato do próprio irmão, foi uma enfermeira. “Em cinco minutos, ele foi atendido. Nunca vi um diagnóstico tão rápido para quem estava sofrendo tanto, ainda mais em se tratando de problema no coração. Neste momento, Gutemberg me disse que haviam aferido os batimentos cardíacos e constataram 129 por minuto. Eu achei alto e minha irmã enfermeira também”.

Em seguida, foi liberado para voltar para casa, sem passar por um médico.

Volta

No caminho de volta, Sulamita ligou para Heber. Eles conversaram e ele informou sobre os batimentos cardíacos. Ela ficou preocupada e procurou se encontrar com os irmãos o mais rápido possível. “Quando fazíamos o retorno no bairro São Jorge, o meu irmão começou a sentir dor intensa no peito e começou a embolar a língua. Eu parei o carro e tentei reanimá-lo, pensando que era convulsão. Gritei para chamar minha irmã. O pessoal da rua chamou por médico e bombeiro. A Sulamita chegou e tentou uma massagem cardíaca. Percebi que a boca dele estava roxa. O colocamos dentro do carro e voltamos para a UPA”, detalhou Heber.

Gutemberg chegou carregado pelos familiares, praticamente sem vida. O tempo entre o atendimento da enfermeira e o retorno do rapaz ao estabelecimento médico foi de 15 minutos, de acordo com parentes. Ele não resistiu e morreu.

De acordo com familiares de Gutemberg, o médico só tomou conhecimento do caso na segunda vez em que o meu irmão chegou lá. “O procedimento lá é assim: as enfermeiras fazem uma triagem dos pacientes. Se for considerado grave, o médico atende. Se não for, elas mesmas dão o diagnóstico e liberam o paciente”, criticou Heb Maria Heringer, irmã de Gutemberg.

Justiça

A irmã de Gutemberg, Priscila Heringer, afirma que a família vai levar o caso à Justiça. Segundo ela, a morte do rapaz comoveu a todos, mas a pior parte é o atendimento às outras famílias, que segundo ela, é péssimo. “Claro que lamentamos a morte do meu irmão, mas estamos ainda mais revoltados com o descaso do SUS em não atender adequadamente um paciente. Quantas pessoas vão precisar morrer para que o atendimento seja eficaz naquele lugar?”, argumentou.

A família espera que com a morte de Gutemberg, outras pessoas denunciem suspeitas de negligência no atendimento, como os familiares acreditam que tenha sido o caso do jovem. “A morte dele não será em vão. Esperamos que mais pessoas possam denunciar os abusos que sofrem na UPA de Manhuaçu, que não são poucos. Precisamos nos unir e exigir um tratamento melhor”, concluiu Priscila.

Mobilização

Amigos e membros da família se mobilizam para um ato pacífico, na porta da UPA, na tarde de sábado, 10/08, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o caso e para o atendimento prestado à população.

A proposta é sair de frente a prefeitura municipal, às 13 horas, e ir até a frente da UPA, na Praça Doutor César Leite, de forma pacífica.

Além dessa mobilização e da intenção da família de ingressar na Justiça, na tarde desta quarta-feira, a Câmara de Manhuaçu informou que solicitou formalmente explicações da Secretaria Municipal de Saúde com relação ao atendimento prestado e aos procedimentos adotados pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Com informações do jornal Diário de Manhuaçu.

Por: Click Carangola | Sugestões de pauta: clickcarangola@gmail.com

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