Prefeitura de Juiz de Fora vai apurar caso de homofobia

A Prefeitura de Juiz de Fora instaurou processo administrativo para apurar a postura de um agente de trânsito que, no último domingo, durante uma partida de futebol entre Tupi e Atlético, no Estádio Municipal, teria destratado uma equipe de reportagem da TV Alterosa.

O fato alcançou repercussão nacional, sendo denunciado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). 

No vídeo, de cerca de dois minutos e meio de duração, gravado pelo cinegrafista da emissora, Robson Rocha e divulgado no Blog Notícias Fora do Ar, aparece o agente da Settra em uma possível demonstração de homofobia, proferindo palavras preconceituosas contra o cinegrafista e contra a categoria de jornalistas.

Nas imagens, é possível ver o funcionário dizendo frases do tipo: “Coloca no seu blog gay, dos seus coleguinhas gays”, referindo-se ao blog que é mantido na internet pelo cinegrafista.

Robson contou que parou o veículo da Alterosa e passou a levar os equipamentos, aos poucos, para a cabine de imprensa, quando ouviu apitos. Ele desceu, e era o agente de trânsito, mandando tirar todos os automóveis de imprensa que estavam no local. “Quando perguntamos o motivo, ele respondeu grosseiramente que os carros tinham que sair dali. Peguei minha pequena câmera e comecei a gravar”, relatou o cinegrafista, acrescentando: “Classifico como falta de preparo a atitude do agente, além de preconceito contra os homossexuais que não dá para descrever. No momento em que tudo aconteceu, dava para resolver a questão de forma tranquila, mas ele não quis saber. Tentamos argumentar, mas ele partiu para os ataques homofóbicos. Apesar de eu não ser gay, tenho amigos e parentes homossexuais. Acho o fato um absurdo.”

O Movimento Gay de Minas (MGM) enviou ofício à Prefeitura de Juiz de Fora, solicitando providências a respeito do caso. “Vi o vídeo feito pela equipe da Alterosa no Facebook, e decidimos entrar em contato com a Prefeitura. Existe um despreparo dos agentes públicos para lidar com a diversidade. Então, solicitamos, do órgão público, não só uma ação pontual contra esse agente, mas que, nos cursos de capacitação para os servidores, seja promovido um módulo sobre direitos humanos, a fim de que tenham subsídios para lidar com a diversidade que existe em Juiz de Fora”, disse o presidente do MGM, Marcos Trajano. O caso repercutiu nas redes sociais durante o todo o dia de ontem e chegou ao conhecimento do presidente da ABGLT, Toni Reis, que denunciou a situação à ouvidoria da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e ao Disque Direitos Humanos. “Um agente público deve se pautar pelo respeito e pela igualdade. Por isso, ele tem que responder por seus atos. “

Em nota, a Prefeitura lamentou o episódio, informando que repudia qualquer atitude de discriminação e preconceito. Afirmou, ainda, que o comportamento demonstrado nas imagens não representa a postura da classe de agentes de trânsito do município ou do funcionalismo público. Segundo a Settra, foi enviado, à Secretaria de Administração e Recursos Humanos (SARH), o pedido de abertura de processo administrativo para apurar o fato e definir as medidas punitivas cabíveis. Elas envolvem desde advertência até exoneração do servidor. O processo já está sendo desenvolvido e, enquanto o caso não for julgado, o agente está afastado da fiscalização de trânsito nas ruas. Ainda conforme a pasta, é realizado, com o apoio de psicólogos, treinamentos periódicos com os agentes de trânsito para orientá-los sobre questões técnicas do serviço e relacionamento com o público. A última capacitação foi oferecida a todo o contingente em dezembro de 2009. Em dezembro de 2011, os dez novos agentes, contratados pela Prefeitura através de concurso público, também passaram por este curso. Com informações do Tribuna de Minas. 

Por: Click Carangola

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