Caso Mônica: Após 37 horas de júri, Wagner Schubert é condenado à 24 anos de prisão

Depois de 37 horas de julgamento, o delegado aposentado da Polícia Civil (PC), Wagner Schubert, foi condenado, na noite desta sexta-feira (19), à 24 anos de prisão pelo assassinato de sua mulher, a professora Mônica Vidon, baleada na cabeça no dia 19 de novembro de 2008.

O júri popular, realizado no Fórum Tabelião Pacheco de Medeiros, em Muriaé, foi iniciado nesta quinta-feira (18), e terminou às 22h30 desta sexta (19).

Os sete jurados consideraram o réu culpado da acusação de ser o mandante da morte de sua mulher, e em seguida o juiz Maurício José Pirozi fez o anúncio do veredicto e leitura da sentença, definindo a pena em 24 anos, a ser cumprida inicialmente em regime fechado.

O primeiro dia do julgamento foi marcado pelos interrogatórios de oito testemunhas e exibição de três depoimentos em vídeo, prestados à Polícia Civil. Duas destas oitivas são dos supostos autores do crime, que foram assassinados, respectivamente, em março de 2013 e agosto de 2015, e a outra é de uma jovem que confirma a versão da acusação e que não foi encontrada pela Justiça para depor no júri.

Já o segundo dia, foi dedicado ao depoimento do réu, que durou quase cinco horas, e aos debates entre acusação e defesa.

A acusação e a família da vítima comemoraram o resultado. A Promotora Jackeliny Rangel disse que a sociedade pode dormir em paz, sabendo a Justiça foi feita. Ela afirmou também que apesar da tentativa da defesa de desacreditar o inquérito e colocar em cheque e honestidade dos responsáveis pelas investigações, com a versão de uma suposta trama arquiteta por delegados e investigadores para colocar o réu na cadeia, a estratégia não surtiu efeito e a Polícia Civil sai fortalecida pela decisão do júri, demonstrando, com a lisura do trabalho, que instituição “cortou na própria carne”.

O assistente de acusação, Lúcio Adolfo, se disse satisfeito com a pena aplicada e ressaltou que a condenação do delegado aposentado não preenche o vazio deixado pela morte de Mônica Vidon, mas que representa um prêmio para cidade de Muriaé, e que a verdade prevaleceu.

Muito emocionado, o irmão de Mônica, advogado José Geraldo Alvarenga Jr., afirmou que o objetivo da família nunca foi vingança, e que sempre acreditaram na justiça, e jamais duvidaram de que Wagner seria condenado. Em um desabafo ele disse: “O réu é um assassino sanguinário e covarde, que matou uma mulher honesta. E que agora, morra na cadeia”, desabafou.

Após o anúncio da sentença, o advogado de Wagner Schubert, Carlos Henrique de Souza, protocolou recurso imediato. Em entrevista à Rádio Muriaé, ele afirmou que buscará no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a realização de um novo julgamento, sob alegação de decisão contrária às provas dos autos, ou, como disse, “na pior das hipóteses”, a redução da pena, que classificou como“exacerbada”.

Resumo do caso
A professora Mônica Vidon foi baleada com um tiro na cabeça na noite de 19 de novembro de 2008 e morreu no hospital, já na madrugada do dia 20. Ela foi surpreendida por um bandido ao chegar em casa, em um beco sem saída, próximo à Avenida José Máximo Ribeiro, nas imediações da entrada do Bairro Bico Doce.
De acordo com a versão da Polícia Civil (PC) e Ministério Público (MP), o executor atirou e fugiu na garupa da moto de um comparsa. A vítima chegou a ser socorrida e levada para o Hospital São Paulo, mas não resistiu e morreu.
Investigação
Delegados de Muriaé ficaram a frente dos levantamentos por cerca de 12 horas, até a manhã do dia seguinte, quando  uma equipe de Belo Horizonte chegou a Muriaé e assumiu o caso.
Anos depois, o inquérito volta à cidade e o delegado Rangel Martino é designado para atuar nas investigações, que contaram com a participação de vários delgados que, inclusive, endossaram a conclusão remetida ao MP.
A investigação concluiu que Wagner Schubert pagou a um detento que administrava a cantina da então Cadeia Pública de Muriaé, e que é apontado como homem de confiança do delegado, para contratar pessoas para matar Mônica.
Em abril de 2012, a 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Muriaé divulgou uma nota oficial relativa à conclusão do inquérito do assassinato da professora Mônica Vidon. Dias depois o Ministério Público denunciou os acusados e a Justiça acatou a denúncia indiciando o ex-delegado e mais quatro pessoas.
Além do ex-delegado e marido da vítima, foram denunciados José Juvenal, vulgo “Calango”, já falecido, que teria atuado como intermediário na contratação dos executores; Jandir Pimentel Moco, que pilotava a moto que levou o atirador ao encontro da vítima; Antônio Rodrigues de Oliveira Junior, o atirador; Maria Aparecida de Oliveira Mendes, empregada de Mônica; e Ronaldo José de Oliveira Mendes, irmão da empregada. Segundo a PC, estes dois últimos sabiam da trama, mas negaram ter conhecimento do plano para tirar a vida da professora.  Posteriormente, o MP considerou não haver provas contra eles e Maria Aparecida e Ronaldo não foram pronunciados.
Prisão do ex-delegado
Na tarde de 19 de abril de 2012 o Fórum de Muriaé expediu um Mandado de Prisão Preventiva para Wagner Schubert de Castro. Na madrugada seguinte a Polícia Militar começou o monitoramento do acusado e, por volta das 07h desta sexta-feira, ele foi abordado, próximo à Gávea, por policiais militares. Dois investigadores da Polícia Civil foram para o local e efetivaram a prisão.
O acusado foi levado até seu apartamento, no Bairro Prefeito Hélio Araújo (Bico Doce), onde investigadores cumpriram mandado de busca e apreensão, juntamente com um delegado e um perito. Na ocasião, os policiais recolheram cerca de R$ 270 mil, em dinheiro, e uma CPU de computador. Pelo menos uma bolsa de viagem, já pronta, foi encontrada no imóvel.
Wagner foi conduzindo por uma equipe da Polícia Civil de Juiz de Fora, comandada pela delegada Dolores Tambasco para a Casa do Policial Civil, em Belo Horizonte, onde está preso desde então.  
Acusados foram executados
Antônio Rodrigues de Oliveira Jr., conhecido como “Juninho do 14”, acusado de ser o atirador que matou a professora Mônica Vidon foi morto a tiros no dia 27 março 2013 na porta de casa, na rua Santos Dumont, bairro Aeroporto. Juninho do 14 foi atingido por 4 disparos, chegou a ser socorrido até o hospital, mas morreu.
Dois anos depois, no dia 7 de agosto de 2015, Jandir Pimentel Moco tinha 26 anos foi executado com vários tiros dentro de um Fiat Uno branco na rua Olinda Gardoni no bairro Aeroporto. Jandir também foi indiciado no caso Mônica Vidon, como o condutor da moto que levou o atirador até a vítima e em seguida ajudou o criminoso na fuga.

Por: Click Carangola | Com informações da Rádio Muriaé.

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